sábado, 9 de abril de 2011

A vida e a morte de uma estrela (Parte 2)

Na última postagem, nós falamos sobre o nascimento de uma estrela. Vamos agora iniciar um estudo sobre a vida de uma estrela.
Vimos que aquilo que mantém uma estrela acessa é a fusão nuclear, e que para ter fusão nuclear, precisa-se de temperaturas muito elevadas, porque só assim consegue-se fazer com que dois átomos de hidrogênio formem, ao se chocarem, um átomo de hélio, dois átomos de hélio se tornem um átomo de carbono e assim sucessivamente até que sejam formados elementos pesados que não conseguem realizar fusão nuclear. 
Porém, nós sabemos que existem estrelas maiores e menores. É só olhar para o céu, à noite, que conseguiremos ver isso. Obviamente, estrelas maiores possuem mais hidrogênio e estrelas menores menos hidrogênio. Um fato interessante é que quanto mais maciça é uma estrela, menos ela vive. Por exemplo, uma estrela que tenha 10 vezes a massa do sol viverá apenas 1/1000 da vida do sol.  Enquanto que medimos a vida de estrelas maciças em milhões de anos, a vida de estrelas pequenas é medida em dezenas de milhões ou até trilhões de anos. Todas as estrelas de pouca massa já criadas (o Universo forma estrelas há mais de 10 bilhões de anos) ainda estão na sua infância.
O tamanho de uma estrela não apenas influencia no seu tempo de vida, mas também determina como ela irá morrer. Quando uma estrela maciça morre, ocorre uma violenta explosão. Já as estrelas pequenas, estas se apagam vagarosamente. 
Há 5 bilhões de anos, nosso Sol (que é uma estrela de pequena massa) queima lentamente seu estoque de hidrogênio, e os cientistas prevêem que este só acabará daqui a 5 bilhões de anos. Então, a fusão nuclear cessará e a gravidade começará a destruir a estrela. Uma estrela como o sol, para conseguir sobreviver nesse momento, precisa encontrar uma nova fonte de combustível. Ela começa a queimar o hélio produzido pela fusão nuclear do hidrogênio. Porém, para que o hélio consiga realizar fusão nuclear, é necessário que a temperatura seja elevada 10 vezes. O núcleo da estrela se superaquece, e quando atinge a temperatura de 180 milhões de graus celsius, a fusão do hélio começa. É como um jogador, que após perder todo o dinheiro, hipoteca sua casa para continuar jogando, porém, ao fazer isso ele só estará retardando o acontecimento do inevitável: a falência. E para uma estrela o inevitável é a morte. O estoque de hélio acaba em 100 milhões de anos (enquanto que o de hidrogênio durou por 10 bilhões de anos). Então, a estrela tenta fundir o hélio para transformá-lo em carbono, porém fracassa. Por causa do calor da queima do hélio, as camadas externas da estrela se expandem e ficam tão fracamente presas pela gravidade que começam a evaporar, fazendo com que a estrela libere "arrotos cosmicos" de plasma. A esta expansão denominamos "nebulosa planetária".  Belas camadas de gás brilhante envolvendo um centro que morre. Este vídeo dá uma idéia de como a estrela libera essas camadas de gás:

 
Nebulosa Planetária Olho de Gato (Constelação do Dragão)

Nebulosa Planetária do Esquimó



A Estrela, neste momento, começa a cair sobre si mesma, cedendo à força da gravidade. A estrela começa a ser comprimida pela força da gravidade que, como vimos, tem por objetivo unir todas as coisas. Porém, a estrela, bem como todas as espécies de matéria do Universo, é formada por átomos, e átomos são formados por elétrons. Elétrons não "gostam" de ficar muito próximos uns dos outros ("cargas de mesmo sinal se repelem"), e quando são obrigados a ficar juntos começam a exercer pressão. Uma pressão que nós chamamos de "pressão degenerativa dos elétrons". É por causa desta pressão que nos momentos finais de sua vida a estrela deixa de ser esmagada pela gravidade. Ela esfria e tranforma-se em um objeto que chamamos de "anã branca". Uma anã branca é muito densa, tem aproximadamente 300 mil vezes a massa da Terra comprimida num volume do tamanho da Terra! Quando se torna uma anã branca, uma estrela como  o Sol está no estágio final de sua vida, mas ainda não está morta. Continua a brilhar ainda por bilhões de anos. Elas estão gastando suas últimas economias. Para uma estrela do tamanho do sol, este será o fim, embora existam outras estrelas maiores que podem receber uma "ajudinha". Algo que poucas pessoas sabem é que geralmente estrelas são sistemas binários, ou seja, uma estrela geralmente tem uma companheira perto dela (o sol não possui), então a anã branca começa a sugar sua companheira e começa a aumentar sua massa. Agora, ela possui uma massa aproximadamente 40% maior que a massa do sol. Neste ponto, ocorre uma explosão catastrófica, tudo se queima num clarão ofuscante. À esta explosão chamamos de Supernova do tipo 1A.
Estrelas mais maciças originam Supernovas do tipo 2. Estas estrelas possuem de 8 à 10 vezes a massa do sol. Elas conseguem fundir o carbono (vimos anteriormente que estrelas pequenas não conseguem) e os elementos vão se acumulando em camadas no interior da estrela. No centro, ficam os elementos mais pesados. A estrela produz, através da fusão, um núcleo de ferro. Quando o núcleo de ferro possui a massa de aproximdamente um sol e meio, ele se torna instável e entra em colapso. Em menos de um segundo o centro da estrela é esmagado. Ele ricocheteia e colide com as camadas mais externas da estrela, que causa uma das maiores explosões do espaço. Forma-se assim uma supernova do tipo 2A. Segundo os cientistas, todo o ferro que temos no planeta Terra se originou destas explosões. Na verdade, todos os elementos mais pesados que o ferro derivam, direta ou indiretamente, de explosões de estrelas. Estes elementos foram expelidos no Cosmos por essas explosões gigantescas. À medida que esse material se espalhou pelo Universo, ele se tornou matéria prima para novos planetas, luas, novas estrelas e outros objetos ainda mais fantásticos.
É por isso que o astrônomo Carl Segan dizia que todos nós somos formados por poeira estelar, porque é dessas explosões que surgiu a matéria prima para a existência do nosso planeta.
Os elementos do seu corpo mais pesados que hidrogênio e hélio, não só genérica, mas especificamente, vêm de estrelas mortas há muito tempo. O cálcio em seus ossos, o oxigênio que você respira, o ferro nas hemácias, o carbono na maioria das suas células, tudo isso foi criado nas estrelas por reações nucleares e então lançadas por supernovas.
Enquanto a explosão de uma supernova do tipo 2 ejeta no espaço elementos pesados, o seu núcleo permanece intacto. Destruí-lo é tarefa da gravidade. Para que o núcleo fique menor que uma anã branca, a gravidade precisará eliminar aquela estranha força da qual falamos anteriormente, a Pressão Degenerativa dos elétrons. A gravidade anula a força de repulsão existente entre os elétrons, combinando elétrons com protóns e formando partículas sem carga elétrica, as quais denominamos nêutrons. Com os nêutrons formados, a gravidade começa a agir, fazendo com que a estrela fique cada vez menor, porém os nêutrons também se repelem, então a estrela não consegue uní-los completamente. Surge aí um objeto estável, menor e mais denso: a estrela de nêutrons. Estrelas de nêutrons são muito pequenas, podem ter apenas 17 km de diâmetro. Uma colher de chá da substância que forma uma estrela de nêutrons pesaria 1 bilhão de toneladas! Ficar de pé em uma estrela de nêutrons seria meio desconfortável: uma pessoa que na Terra pesa 70 kg em uma estrela de nêutrons pesaria 10 bilhões de toneladas! Seria esmagada na superficie da estrela. As estrelas de nêutrons giram muito rápido, em alguns casos até centenas de vezes por segundo... Foi a rapidez desse giro que permitiu aos astrônomos identificar as estrelas de nêutrons. Elas possuem um elevado campo magnético. Esse campo magnético, em conjunto com os giros, faz com que elétrons caminhem pelo eixo do campo magnético, e esses elétrons acelerados emitem luz. Eles produzem um raio de luz que podemos observar quando cruza nossa visão. Esse objeto é chamado de pulsar.


Algumas estrelas de nêutrons, porém, não suportam o peso de sua desintegração. A gravidade vai esmagá-las ainda mais, e transformá-las em um objeto de densidade e fascínio infinitos: o Buraco Negro. Aguarde a próxima postagem.

Lucas de Lima

domingo, 20 de março de 2011

A vida e a morte de uma estrela (Parte 1)

Como cidades reluzentes no deserto, as galáxias emergem da grande escuridão do Universo, compostas de bilhões de luzes ofuscantes, chamadas de estrelas. Mas, como nasceram essas estrelas? Como irão morrer? E como é possível que todos os seres humanos na Terra devam sua vida à morte de estrelas? A busca por respostas começa em grandes nuvens de poeira, hidrogênio e plasma: as nebulosas. Nebulosas são berçários de estrelas. Novas estrelas estão em processo de nascimento nas áreas centrais.
Lembre da Tabela Periódica que você deve ter visto em suas aulas de química. Na tabela periódica, os elementos mais leves (ou seja, aqueles elementos que possuem um menor número de prótons em seu núcleo) ficam em cima. Os mais pesados ficam embaixo.  O hidrogênio é o elemento mais leve, simples e abundante do Universo. É também o principal componente das estrelas. Dentro de uma nebulosa, concentrações de gás e poeira formam, ao longo de milhões de anos, pequenas nuvens, unidas por uma força que nos é muito familiar. Vamos agora relembrar as nossas aulas de física. Existe um ramo da física chamado Mecânica. A Mecânica é o ramo da física que estuda o movimento. Nas aulas de Mecânica todos nós somos apresentados a famosa Lei da Gravitação Universal. A Lei da Gravitação Universal, formulada pelo físico inglês Sir Isaac Newton, diz que “todos os corpos se atraem mutuamente na razão direta de suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que os separa”. Em outras palavras, a Lei da Gravitação Universal diz que existe uma força que nos mantêm presos a terra. A força que nos mantém presos a terra é a mesma força que faz com que a terra gire ao redor do sol, bem como todos os outros planetas do sistema solar. É essa força que faz com que as nuvens de poeira e gás que se formem nas nebulosas, se contraiam e formem estrelas. Só para se ter uma idéia das dimensões dessas nuvens formadoras de estrelas, poderíamos considerar que, para formar uma estrela do tamanho do Sol (que possui 1,5 milhões de quilômetros de diâmetro) é preciso uma concentração de gás e poeira 100 vezes maior do que o nosso Sistema Solar. Agora, para aqueles que acham que o Sol é muito grande, observem a imagem abaixo, onde o tamanho do sol é comparado com o tamanho de uma estrela chamada Arcturus e tentem imaginar a magnitude da nuvem de gás e poeira que deu origem a esta estrela:



A estrela de Arcturus é a quarta estrela mais brilhante no céu noturno. Ela faz parte da constelação do Boieiro e é cerca de 30 vezes maior que o Sol. Mas voltemos à nossa história.
Quando as nuvens de gás e poeira, das quais falamos, se formam nas nebulosas, a temperatura delas é muito baixa, centenas de graus abaixo de zero. Com o passar do tempo a gravidade começa a fragmentá-las e comprimi-las e então o calor tende a aumentar. Aí está mais uma aplicação prática das aulas de física quando estudamos os gases. Do estudo dos gases nós conhecemos uma lei chamada “Lei de Charles das Transformações Isocóricas”. Esta lei diz que se mantermos o volume de um gás constante, a temperatura dele irá aumentar proporcionalmente ao aumento da pressão. Ou seja, nos gases, à medida que aumentamos a pressão (para comprimir as nuvens de gás e poeira) aumenta também a agitação entre as moléculas que nada mais é do que a temperatura.
Em centenas de milhares de anos, a nuvem adquire a forma de um disco. A gravidade atua no centro do disco e este se torna uma esfera, cuja temperatura pode chegar a 2 milhões de graus celsius. A esse sistema nós denominamos protoestrela.
Dez milhões de anos se passam e o centro da protoestrela começa a ferver a 18 milhões de graus celsius. Então, acontece algo incrível: o núcleo se torna tão quente que consegue suportar a fusão termonuclear. O que é fusão termonuclear? A fusão termonuclear é um fenômeno que acontece quando as partículas de determinada substância estão submetidas a uma temperatura tão elevada, e estão se movimentando tão desesperadamente, que os núcleos do átomo se chocam e se fundem formando átomos de outros elementos. É como se atirássemos uma bola de bilhar contra a outra e elas tornassem-se uma só. Imagine átomos de hidrogênio como pequenas bolas de bilhar, que agora estão se movimentando desesperadamente na protoestrela. Átomos de hidrogênio possuem em seu núcleo um próton, ou seja, uma unidade de carga positiva. Ao lado do hidrogênio, na tabela periódica, está o hélio, que possui dois prótons em seu núcleo, ou seja, duas unidades de carga positiva. Assim, se “somarmos” um hidrogênio com outro hidrogênio teremos dois prótons e dois prótons caracterizam um átomo de hélio. Assim, os átomos de hidrogênio se fundem na protoestrela e formam átomos de hélio. Quando essa reação acontece, para cada hélio formado é liberada uma quantidade de luz que denominamos fóton. É por isso que as estrelas brilham. A partir do momento em que, na protoestrela, inicia-se o processo de fusão nuclear, ela torna-se uma. E eis aí como nasce uma estrela! Depois de nascer, a vida da estrela será um batalha contínua contra a força da gravidade. A gravidade, que forma a estrela, agora tenta destruí-la, porque o único objetivo da gravidade é unir todas as coisas. Para continuar vivendo, a estrela precisa vencer a força da gravidade, aplicando uma força em sentido contrário. O calor dentro da estrela faz com que a fusão nuclear ocorra, e a fusão nuclear é que produz a pressão necessária para vencer a força da gravidade que atua sobre a estrela. No início de sua vida, a estrela consegue fazer com que a pressão que ela exerce seja igual à força da gravidade, então agora ela pode queimar em paz, até que... algo acontece. O suprimento de hidrogênio da estrela começa a acabar e a fusão nuclear começa a formar elementos mais pesados e incapazes de realizar fusão. Então, a estrela começa agora a sucumbir diante da força da gravidade, que irá conduzí-la a morte, e esse será o nosso próximo assunto. Aguardem...



Lucas de Lima

sábado, 19 de março de 2011

O que é cor?

Eis um pequeno fato:
Você vai morrer.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Uma pequena teoria :
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão
de matizes e entonações a cada momento que passa.
Uma só hora pode constituir em milhares
de cores diferentes — amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



Trecho do livro A menina que roubava livros


No livro “a menina que roubava livros”, a narradora é a própria morte. Ela usa as cores, ao longo da narrativa, para representar os sentimentos em um dos momentos mais dolorosos já vividos pela humanidade: alegria, ternura, tristeza, euforia, solidão, orgulho, medo, morte. E é assim que nós fazemos: usamos o vermelho para representar a paixão, o verde para representar a natureza, o azul para representar harmonia, o branco para representar paz, o preto para representar a morte, etc. Uma infinidade de tons, um espectro inteiro para encher os olhos de quem o vê. Mas... O que é exatamente cor? Como a cor de certo objeto é determinada?

As cores que são percebidas pelas pessoas fazem parte da zona visível do espectro das radiações eletromagnéticas:


Onda é uma perturbação que se propaga em um meio físico transportando energia, mas sem transportar matéria. As ondas podem ser classificadas como ondas mecânicas e eletromagnéticas. Ondas mecânicas são aquelas que necessitam de meio material para se propagar, como as ondas sonoras, e ondas eletromagnéticas não necessitam de meio material, como a luz, por exemplo. O espectro eletromagnético é o intervalo completo da radiação eletromagnética, que contém desde as ondas de rádio, as microondas, o infravermelho, a luz visível, os raios ultravioleta, os raios X, até a radiação gamaLogo, cor é toda onda eletromagnética que o olho humano é capaz de perceber.  Dizemos que um corpo tem determinada cor quando ele absorve os demais componentes da luz e reflete aquela cor, e nosso olho capta o feixe de luz. Assim, se um corpo verde é iluminado por luz branca (o branco são todas as cores juntas), ele reflete o verde e absorve as demais cores do espectro visível. Se um corpo é azul, significa que ele reflete o azul e absorve as demais cores. Um corpo branco iluminado por luz amarela assume a cor amarela, porque o branco reflete todas as cores. Já o preto absorve todas as cores, não refletindo nenhuma. Assim, um corpo preto iluminado por luz branca permanece preto, absorvendo todas as cores. Se um corpo verde é iluminado por luz azul, então ele se comporta como corpo negro, porque absorve o azul.




Andressa Aziz

sábado, 12 de março de 2011

O que acontece com o tempo à velocidade da luz?

Suponha que estamos viajando de carro, a uma velocidade hipotética de 60 km/h, e vemos outro carro ultrapassar o nosso, vamos supor a uma velocidade de 80 km/h. De acordo com a mecânica clássica, veremos o outro carro passar a uma velocidade relativa de 20 Km/h (Vr = 80 km/h – 60 km/h). Agora, vamos supor que viajamos com uma velocidade que é a metade da velocidade da luz, 150.000 km/s, e o outro carro viaja com a velocidade da luz, 300.000 km/s. De acordo com a mecânica clássica, e como você pode estar pensando, nós deveríamos ver o outro carro passar a uma velocidade de 150.000 km/s (Vr = 300.000 km/s – 150.000 km/s), como quando viajávamos com a velocidade de 60 km/h e vimos o outro carro passar com velocidade de 20 km/h. Mas não é assim que a velocidade da luz funciona. Ao invés de vermos o outro carro passar a uma velocidade menor, devido à nossa aceleração, veríamos o carro passar com toda a sua velocidade, não importa o quão rápido estejamos indo a favor ou contra. Esse foi o grande lance do Einstein. Ele percebeu que a velocidade da luz é a mesma para todos que a vêem, não importa se você está parado ou em movimento, você sempre verá a luz passando à mesma velocidade. Ora, se todos vêem a luz na mesma velocidade, algo muda. Esse algo é o tempo. Para demonstrar como o tempo se modifica a partir da velocidade, imagine um relógio formado por dois espelhos, e que o “tique” é produzido quando o fóton bate em um dos espelhos:





Antigamente, costumava-se pensar que a luz era instantânea. Com alguns experimentos no século passado, puderam comprovar que a luz é uma onda eletromagnética, pois a fizeram passar por uma fenda e observaram os fenômenos de difração e interferência, que só são possíveis em ondas. Planck e Einstein mostraram que pacotes de ondas contém energia e são carregados por uma partícula luminosa, a qual Einstein denominou fóton. Quando um elétron passa de uma camada mais externa para uma mais interna, ele libera energia na forma de fóton. É assim que ele é emitido.  Ele possui uma energia incrivelmente pequena, a menor quantidade de energia existente. Na figura acima, temos o fóton representado de amarelo. Ele executa um movimento de sobe e desce, causado pela reflexão dos espelhos, que estão representados de azul na imagem. Cada “tique” ocorre quando o fóton bate em um dos espelhos. Ao movimentarmos o relógio para a direita, perceba como o fóton precisa percorrer uma maior distância para chegar ao próximo “tique”:


Se você está pensando: “que porcaria de desenho é esse?”, eu explico melhor. Pense nas suas chaves de casa. Imagine que você está jogando elas para o alto. Enquanto você está parado, suas chaves descrevem uma trajetória vertical, elas sobem e descem. Você começa a andar, e continua jogando suas chaves para o alto. Para você, parece que suas chaves continuam subindo e descendo, mas na verdade, elas descrevem a trajetória de uma parábola. As suas chaves são como o fóton. Antes, quando o relógio estava parado, o fóton precisava percorrer uma trajetória vertical para acertar os espelhos. Agora, com o relógio em movimento, o fóton precisa percorrer uma trajetória para cima e para o lado. Como a distância que o fóton precisa percorrer é maior, os “tiques” ocorrem mais devagar, ou seja, este relógio está indo mais devagar. Se você está com esse relógio dentro do seu carro em movimento, não irá perceber que o tempo está passando mais devagar, assim como quando você está andando e jogando suas chaves para o alto, você não percebe que ela está descrevendo uma parábola, pois tudo o que está no seu carro irá acompanhar este tempo, como por exemplo as batidas cardíacas. O que poderia ser uma hora para quem está no carro, poderia ser 50 para quem está fora, por exemplo. Seria como se quem estivesse no carro, estivesse viajando 50 anos para o futuro. 




Andressa Aziz

quarta-feira, 9 de março de 2011

Os primórdios da busca pelo elo perdido

A Matéria e a maneira como ela se comporta sempre intrigou o homem. Este é um dos primeiros segredos da natureza que precisam ser decifrados: como funciona a matéria?
Observamos que no Universo existe uma grande infinidade de “tipos” de matéria. O que eu quero dizer é que, apesar de termos um único conceito para definir matéria (é tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço), ela se apresenta para nós em diferentes formas, a começar pelos estados físicos na qual a encontramos (e hoje sabemos que estes não são mais apenas três).
Esse é o começo do mistério: queremos entender como funciona a matéria, porém como podemos unificadamente algo que na natureza existe na pluralidade? Deve haver algum elo perdido, algo em comum a todas as “formas de apresentação” da matéria, que nos permita decifrar o segredo de como ela funciona.
Este mistério vem, há muito tempo, preocupando o homem. Desde a época dos filósofos naturalistas, ou pré-socráticos, encontramos tentativas de desvendar o segredo da estrutura íntima, do componente básico, de todas as formas de matéria. Ora, se, na natureza, coisas podem se tornar outras coisas, então deve haver uma coisa que esteja presente em todas as coisas...
Os filósofos pré-socráticos caracterizavam-se pela observação dos fenômenos naturais (physis), para que, através deles, pudessem encontrar a princípio fundamental de todas as coisas (arché). Para entendermos como funciona este pensamento, vejamos como o filósofo pré-socrático, Diógenes de Apolônia, descreveu a Arché:
"[...] Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo - terra, água ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo -, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas as outras, nem fazer bem ou mal umas as outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir a existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa."
Agora analisemos as conclusões as quais chegaram alguns dos filósofos pré-socráticos, a respeito do que seria a princípio fundamental de todas as coisas.
O primeiro de que se tem notícia a chegar a uma conclusão foi Tales de Mileto. Tales de Mileto foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Quando Tales esteve no Egito, certamente observou como os campos ficavam férteis quando o Nilo abandonava as terras que constituíam seu delta. Talvez tenha observado como surgem, na terra, rãs e vermes à luz do sol, depois de ter chovido. Além disso, certamente ele observou que a água poderia se transformar em gelo ou vapor, e depois novamente em água. Baseado nestas observações Tales concluiu que o elemento primordial de todas as coisas seria a água. Isso quer dizer que, tudo se inicia na água e no fim de todas as coisas elas se tornam água novamente. Este raciocínio, de que tudo se origina a partir da água, foi retomado, aproximadamente 2460 anos depois, por Charles Darwin que afirmou que “o mundo evoluiu da água por processos naturais”.
Outro filósofo naturalista que se dedicou a encontrar a Arché foi Anaximandro. Anaximandro não acreditava que nenhum dos elementos fosse a causa primordial de todas as coisas, porque ele observava que os quatro elementos (terra, ar, água e fogo) poderiam sofrer mudanças.  Anaximandro acredita que havia algo diferente a partir do qual tudo se originava, o infinito. Ele não pensava como Tales, em uma substância completamente determinada. Talvez ele quisesse dizer que aquilo, a partir do qual tudo é criado, tem de ser completamente diferente de tudo o que é criado. Ele acreditava que nosso mundo é apenas mais um dos outros muitos mundos que surgiram antes e que irão surgir depois que este se dissolver, como se dissolveram todos os que vieram antes e se dissolverão todos os que vierem depois, na realidade primordial de todas as coisas, que ele chama de infinito (a-peiron).
Um terceiro filósofo grego que se ocupou deste pensamento foi Anaxímenes. Ele conhecia as idéias de Tales e sabia que, segundo elas, a água seria o elemento primordial de todas as coisas, porém, de onde surge a água? Para Anaxímenes a água era ar condensado, ao chover a água é condensada a partir do ar. E, para ele, se o ar fosse ainda mais condensado se tornaria terra. De modo análogo, o fogo seria ar rarefeito. Assim, a origem da terra, do ar e do fogo seria o ar. Anaxímenes pensava que, para o Universo existir, eram necessários os quatro elementos, porém, o ar seria o ponto de partida de todas as coisas.
O pensamento primordial que permeava o pensamento dos filósofos naturalista era “de nada, nada pode surgir”. Esse pensamento surge novamente na idade moderna, quando através de experimentos quantitativos, o químico francês Antoine Laurent Lavoisier enunciou a Lei da Conservação das Massas, cujo enunciado filosófico diz que “na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Esta breve reflexão nos mostra que, o pensamento filosófico muitas vezes inspirou a busca pelo conhecimento científico e provou estar correto.


Lucas de Lima

terça-feira, 8 de março de 2011

A eterna busca do inalcançável

A natureza, ao longo de toda a história do ser humano, o tem fascinado. E homens de todas as épocas voltavam seus olhos para o infinito em busca de respostas.
Ciência é isso, é a busca incansável do homem por entender o mundo que o cerca. É o desejo, inerente à natureza humana, que torna o homem capaz de olhar para o mundo ao seu redor, não com um olhar conformado, mas com um olhar de questionamento: as coisas são como elas são, mas por que elas são como elas são? Será que é possível entender como tudo funciona?
É como se o ser humano se colocasse em um jogo, onde a arma é a sua capacidade de questionar o mundo, e essa capacidade luta contra a inteligência oculta nas maravilhas da natureza. Quem irá vencer? Será que conseguiremos compreender o Universo, ou será que continuaremos eternamente falhando em nossas explicações, como se um grande e sádico ser se divertisse em observar as nossas quedas, como se fôssemos pequenos fantoches tentando compreender as notas da sinfonia do Universo?
Se existe algum ser que governa a natureza, o que será que ele pensa? Será que ele se diverte com nossas quedas, com nossa busca incansável por conhecer a verdade e por entender como tudo funciona? Ou será que a batalha que nós travamos no sentido de compreender a natureza cansou esta inteligência suprema, a deixou cansada, de modo que agora está entregando os segredos da natureza para nós? Será que ela já se cansou assim como um adulto se sente fatigado diante dos inúmeros questionamentos de uma criança?
Será que estamos perto de entender...como a mente de Deus funciona?
Será que Ele realmente não joga dados com o Universo?

"Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos." (Albert Einstein)


Lucas de Lima